Fim de ano aquece mercado de trabalho e vagas temporárias viram porta de entrada para emprego fixo, diz especialista


Por Leonardo Almeida

Foto: Valter Campanato / Agência Brasil

O fim do ano aquece tradicionalmente o mercado de trabalho, e 2025 não foge à regra. Com o aumento da demanda no comércio, na indústria, na logística e nos serviços, empresas em todo o país abrem centenas de vagas temporárias para atender ao movimento intenso típico desse período. Para quem está desempregado, esse pode ser exatamente o momento de retomar a carreira.
O cenário geral também é favorável. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa de desemprego no Brasil ficou em 5,4% no trimestre encerrado em outubro, mantendo um dos níveis mais baixos desde 2012. Na Bahia, o índice ficou em 8,5%, o menor da série histórica recente, embora ainda acima da média nacional.



Em entrevista ao Bahia Notícias, a especialista em recrutamento Rafaela Régis destacou que o último trimestre deste ano tem favorecido diversos setores, colaborando para o surgimento de novas oportunidades. À reportagem, ela também ressaltou a importância das vagas temporárias, explicando que, atualmente, elas também costumam funcionar como um processo seletivo ampliado.



“O mercado está reagindo melhor do que muita gente imagina. Há oportunidades surgindo em diversos setores, especialmente neste último trimestre. Temporário não significa instável. Pelo contrário: para muitas empresas, é uma forma de observar, em tempo real, quem entrega resultado, quem tem atitude e quem se adapta rápido. Esses profissionais saem na frente quando a temporada vira e chegam as vagas permanentes”, explicou a consultora.
Segundo a especialista, características simples fazem diferença hora da contratação efetiva. Qualidades como assiduidade, responsabilidade, boa comunicação, organização e vontade genuína de aprender costumam chamar a atenção dos recrutadores.
“O básico nunca sai de moda. Em um mercado tão competitivo, quem demonstra postura profissional desde o primeiro dia passa raramente despercebido”, diz.
Rafaela destaca que o final do ano é “um ponto de virada” para quem está buscando trabalho. E lista estratégias práticas para quem quer aproveitar o momento envolve tópicos como encarar a vaga temporária como oportunidade real, atualizar o currículo e perfis profissionais, fazer cursos rápidos e estratégicos, se preparar para entrevistas e construir conexões.
"Torne visíveis suas habilidades, resultados e interesses. Um currículo estruturado e um perfil ativo no LinkedIn já fazem você pular etapas. Também busque se aperfeiçoar com cursos em atendimentos, logística, vendas e ferramentas digitais aumentam a empregabilidade de forma imediata. Pesquise sobre a empresa, sobre o setor e treine respostas. Demonstração de preparo conta muito. E mais: networking não é uma fórmula de mágica, mas abre portas que muitas vezes não aparecem nos sites de vagas", sugeriu a especialista.

O LINKEDIN

A psicóloga e analista de gente e gestão, com experiência em talent hacking, Maria Victoria de Alencar avalia que o LinkedIn é, hoje, uma ferramenta relevante principalmente para cargos mais corporativos, mas exige cautela no uso. Segundo ela, a plataforma funciona como um espaço de construção de marca pessoal e profissional, o que pode tanto favorecer quanto dificultar processos seletivos.
De acordo com a especialista, o LinkedIn “é sim muito útil” para quem atua ou busca posições em ambientes corporativos, especialmente por facilitar o networking. Ela pondera, no entanto, que recrutadores não costumam analisar todas as postagens de um candidato, nem chamá-lo apenas pela frequência de publicações. Ainda assim, destaca que conteúdos consistentes ajudam a fortalecer conexões profissionais.
“Quanto mais você posta conteúdo relevante, não apenas postagens vazias, você tende a construir uma rede de conexões que dialoga com você. Antes mesmo de postar, comentar de forma qualificada nas publicações de outras pessoas já ajuda a criar pontes”, explica.
Maria Victoria ressalta que esse movimento deve ser feito com atenção, já que tudo o que é publicado pode ser visto por futuros gestores, colegas ou contratantes. Para ela, o LinkedIn consolida uma imagem que passa a ser associada diretamente ao profissional.
“O LinkedIn acaba construindo uma marca pessoal e profissional que será associada a você. Isso pode ser muito útil, mas também pode prejudicar, dependendo de como essa imagem é construída”, afirma.
Sobre o impacto do comportamento nas redes sociais, a especialista pondera que não são todas as empresas que investigam perfis além do LinkedIn. Ainda assim, ela reconhece que, em alguns casos, publicações podem influenciar decisões de contratação, sobretudo em cargos mais estratégicos.
Ao Bahia Notícias, ela cita como exemplo postagens excessivamente negativas ou reclamações frequentes sobre empregadores, que podem gerar interpretações desfavoráveis.
“O que você posta pode influenciar, sim, se você será chamado para uma posição ou não. Não por todo mundo, mas por alguém. Existem denúncias justas, claro, mas também há postagens muito ‘reclamonas’ que acabam gerando julgamentos. Alguém sempre vai interpretar isso mal”, comentou.
Para quem foi demitido e busca recolocação no mercado, Maria Victoria aponta que o primeiro passo é acionar a rede de contatos. “Falar com amigos, ex-colegas, família. Se as pessoas conhecem seu trabalho e confiam em você, tendem a ajudar e indicar oportunidades”, destaca.
Além disso, ela recomenda ajustar cuidadosamente o currículo e o perfil no LinkedIn, manter perseverança e entender que procurar emprego é, por si só, um trabalho exigente. “É um processo demandante, então é preciso se estruturar emocionalmente para fazê-lo com qualidade”, afirma.
A especialista também observa que o mercado tende a absorver com mais facilidade profissional em contextos semelhantes aos que já vivenciaram. “É mais fácil ser contratado para cargos e ambientes parecidos com aqueles em que você já atuou. O contexto importa tanto quanto a função”, explica.
Por fim, Maria Victoria aponta que ferramentas digitais e inteligência artificial podem auxiliar na preparação para entrevistas e na adaptação de currículos. Segundo ela, plataformas que simulam entrevistas ou permitem treinar respostas podem ajudar candidatos a entender melhor o perfil das vagas e se preparar com mais segurança. Durante a entrevista ela também sugeriu a plataforma www.salariotransparente.com.br.
“Olha, essa é uma plataforma voltada para salário, mas também tem uma parte para você se cadastrar que dá para você treinar, fazer entrevista com IA. Vale ressaltar que você pode fazer entrevista com IA utilizando qualquer plataforma, é só você fazer um prompt bom”, explicou Maria Victoria de Alencar.
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