Como o streaming afetou a TV aberta

 

A ascensão das plataformas de streaming transformou profundamente o modo como consumimos entretenimento e informação. Se antes a televisão aberta era a principal fonte de lazer e notícias, hoje ela divide espaço – e muitas vezes perde protagonismo – para serviços digitais como Netflix, Amazon Prime, Disney+, Globoplay e tantos outros. Essa mudança impacta não apenas a audiência, mas também a forma de produzir conteúdos, a publicidade e até mesmo o comportamento cultural da sociedade.

Nos anos 1990 e 2000, a TV aberta ainda reunia famílias inteiras em frente ao televisor em horários fixos. A “grade de programação” ditava quando assistir a uma novela, um jornal ou a um programa de auditório. Com o streaming, essa lógica foi rompida. O público ganhou autonomia: pode escolher o que ver, a qualquer hora e em qualquer lugar, seja no celular, tablet ou smart TV. Esse poder de decisão tornou-se um dos principais fatores de migração de audiência, principalmente entre os mais jovens.

Outro ponto importante é a personalização. Enquanto a TV aberta oferece conteúdo padronizado, pensado para atingir o maior número de pessoas, o streaming aposta em algoritmos que recomendam séries e filmes com base nos hábitos de cada usuário. Essa experiência individualizada gera uma sensação de maior controle e satisfação, tornando difícil competir com a programação engessada da televisão tradicional.

No entanto, a TV aberta ainda tem força em alguns segmentos. Transmissões esportivas ao vivo, cobertura jornalística em tempo real e programas de grande apelo popular continuam alcançando milhões de espectadores. O streaming, por mais avançado que seja, ainda não substitui a instantaneidade e a gratuidade do sinal aberto, principalmente em regiões onde a internet não é tão acessível ou veloz.

Do ponto de vista econômico, as mudanças são profundas. A publicidade, antes concentrada nos intervalos comerciais da TV, se fragmentou. Marcas investem cada vez mais em campanhas digitais, inserções em plataformas de vídeo e parcerias com criadores de conteúdo independentes. Com isso, o faturamento das emissoras abertas enfrenta queda e precisa se reinventar. Muitas delas já lançaram seus próprios serviços de streaming, numa tentativa de não perder espaço para concorrentes globais.

Culturalmente, o impacto também é evidente. A produção de séries nacionais ganhou novo fôlego graças às plataformas digitais, que buscam diversificar suas ofertas e atender ao público local. Ao mesmo tempo, conteúdos estrangeiros passaram a ser consumidos em larga escala, ampliando a competição e mudando padrões de gosto. Se antes as novelas brasileiras dominavam quase sozinhas, agora disputam atenção com produções coreanas, espanholas ou norte-americanas.        Baixar video Instagram

Em resumo, o streaming não matou a TV aberta, mas a obrigou a repensar seu papel. O futuro parece apontar para a convivência dos dois formatos: de um lado, a televisão aberta reforçando sua vocação para o ao vivo, a informação imediata e o entretenimento popular; de outro, o streaming oferecendo personalização, liberdade e vasto catálogo sob demanda. O público, por sua vez, sai ganhando, com mais opções e autonomia do que nunca.

Fonte: Izabelly Mendes
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