Rússia promete vacina gratuita contra câncer, mas comunidade internacional reage com cautela

_Sem registro oficial de estudos, eficácia do imunizante ainda não pode ser confirmada_

Cientistas russos afirmam ainda que já trabalham em versões da vacina contra glioblastoma - Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil

A Rússia anunciou ter desenvolvido uma vacina contra o câncer considerada “pronta para uso” e que será distribuída gratuitamente à população assim que receber aprovação oficial. Segundo o governo russo, o imunizante foi projetado para prevenir o câncer colorretal — o terceiro tipo mais letal no Brasil e o segundo no mundo.
De acordo com Veronika Skvortsova, chefe da Agência Federal de Medicina e Biologia (FMBA), a pesquisa levou muitos anos, com os últimos três dedicados a estudos pré-clínicos obrigatórios. Além disso, cientistas russos afirmam que já trabalham em versões da vacina contra glioblastoma, um câncer cerebral grave, e contra melanoma, o tipo mais letal de câncer de pele.
Apesar do otimismo, a comunidade científica internacional recebeu o anúncio com desconfiança. Isso porque as informações foram divulgadas apenas pelo governo russo, sem publicações em revistas científicas ou revisão por pares — processos que garantem a transparência e a credibilidade da pesquisa.
“Todos os dados deveriam ser compartilhados em revistas científicas, que são revisados por pares. É o que atesta a qualidade dos estudos e embasa as análises das agências. O que temos dificuldade aqui é com a transparência desses dados. Não sabemos como foram os estudos pré-clínicos, que moléculas são essas, como vão ser os testes clínicos. Países sérios cadastram todos os estudos clínicos na plataforma clinicaltrials, por exemplo”, destacou Renato Kfouri, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).
Especialistas ressaltam que, sem publicações oficiais e registro em plataformas internacionais, é impossível avaliar a eficácia e a segurança do imunizante. Enquanto isso, a promessa russa segue sob expectativa e cautela da comunidade médica mundial.

As informações são de Isabela Cardoso – Jornal A Tarde
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