_Poeta Joselito dos Reis retrata a beleza perdida e a dor da degradação ambiental em poema de memória e resistência_
Rio Cachoeira
Em suas águas puras,
límpidas e cristalinas;
diamante, dominante...
Pescávamos
pitu, calalambau,
curuca e piau;
maçambé, bagre e beré;
caboje, mussum e moréia,
acarí, robalo e tucunaré...
Até siri que subia da maré!
Ouvindo o cantar
nos sobrevoos dos paturis,
“Espanta Boiada”,
macucos e graúnas...
Mas o progresso perverso
no chão grapiúna chegou.
Até no leito do Rio Cachoeira pousou!
Ferido, implora socorro...
Sufocado, poluído,
gemendo quer viver.
Nunca mais os banhos
dos meninos e das meninas...
O cantar dos curiós...
No seu abraço.
Nunca mais as pescarias...
Nunca mais as lavadeiras...
Nunca mais os canoeiros...
Nunca mais o jumento com os carotes...
Lamento!
O rio está sumindo,
morrendo na ambição...
Ficando só nas lembranças,
contadas nos versos dos poetas
e dos artistas da arte e da pintura,
na dor da beleza que voou.
Primeiro, sem critério,
os excrementos, os dejetos...
Com eles, as baronesas na proteção.
Sumiu a vida aquática,
sufocada pelo campo verde das baronesas
e pela espuma branca da poluição,
da ignorância humana!
Trazendo a dor ecológica
às almas e aos corações
de quem ama,
na realidade e no abstrato da canção:
“Menino do Rio!”.
Não provoquem um Cachoeira
de correntezas de lágrimas...
Joselito dos Reis
01.09.2025

