Dólar cai 0,65% e fecha a R$ 5,1912 com dados positivos da China


Após duas sessões seguidas de alta, o dólar à vista recuou no pregão de quarta-feira, 1º, no mercado doméstico de câmbio, acompanhando a onda de desvalorização da moeda americana no exterior, sobretudo em relação a divisas emergentes e de países exportadores de commodities. Tirando um avanço pontual e bem limitado no início da tarde, quando registrou máxima a R$ 5,2314 (+0,12%), a moeda operou em baixa ao longo do dia. Com mínima a R$ 5,1847 (-0,77%), encerrou a sessão em queda de 0,65%, cotada a R$ 5,1912.
Segundo operadores, dados positivos do setor industrial na China em fevereiro divulgados ontem à noite se sobrepuseram à perspectiva de mais altas de juros nos EUA, após leitura acima do esperado de índices de gerentes de compras (PMIs) em fevereiro e falas duras de dirigentes do Federal Reserve (Fed, o BC americano). As taxas dos Treasuries subiram em bloco, com a T-note de 10 anos acima de 4% e a do título de dois anos atingindo o maior nível desde junho de 2017.
“Os Treasuries estão ‘abrindo’ mais e mesmo assim o dólar se deprecia no mundo. Havia questionamentos sobre os efeitos da reabertura da economia chinesa, mas as sinalizações vindas da China são boas, o que favorece emergentes”, afirma o CIO da Alphatree Capital, Rodrigo Jolig, que vê o dólar trabalhando em um intervalo entre R$ 5,00 e R$ 5,25.
Houve também relatos de ingressos pontuais de recursos, apesar do recuo do Ibovespa e do mau humor com a intenção do governo de taxar a exportação de petróleo cru. Passada a disputa pela formação da última taxa Ptax de fevereiro, investidores promoveram ajuste de posições e realizaram lucros no mercado futuro. Ontem, o contrato de dólar para abril, o mais líquido, havia subindo com força no início da noite em meio à fala do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sugerindo que, com a reoneração dos combustíveis, haveria espaço para o Banco Central reduzir a taxa Selic, que classificou de “insustentável”.
Em entrevista ao UOL hoje, Haddad negou tentativa de emparedar o BC, embora tenha voltado a criticar o nível da taxa de juros. “Não pressionei o BC ontem. Lembrei que o que estava escrito na ata do Copom”, disse o ministro, que minimizou críticas da presidente do PT, Gleisi Hoffman, à reoneração de combustíveis. “Gleisi é uma pessoa que tem opiniões fortes, mas que sabe que quem arbitra os conflitos fora do governo é o presidente da República”.
“Essa guerra verbal entre governo e BC não faz bem para a bolsa e cria estresse adicional para os juros futuros, que já estão bem elevados. Mas o dólar hoje ficou mais voltado ao mercado internacional”, afirma o líder de renda variável da Manchester Investimentos. “Com a China acelerando os motores novamente, pode haver fluxo para emergentes e para o Brasil”.

Por Estadão Conteúdo
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