Agência da ONU afirma haver 900 lançamentos de balões de pesquisa por dia

Por Folhapress

Foto: Reprodução / Unemat

Em meio à crise entre China e EUA, que acusam o país asiático de espionagem por meio de um balão, o órgão meteorológico da ONU afirmou que itens do tipo são lançados diariamente de 900 locais do mundo.
"Balões meteorológicos têm um papel importante na rede de coleta de dados global há décadas, pois são a fonte primária de informações acima do solo", disse a OMM (Organização Meteorológica Mundial) em seu site na sexta-feira (17). "Milhões de observações são coletadas em todo o mundo todos os dias."
Esses artefatos, afirma a agência, fornecem informações em tempo real para programas de previsão, além de ajudar pesquisadores a entender fenômenos climáticos. "Modelos de previsão de computador que usam dados oriundos de balões são usados por meteorologistas no mundo todo."
Os objetos normalmente levam látex de borracha natural ou sintética em sua composição, são preenchidos com hidrogênio ou gás hélio e funcionam acoplados a um conjunto de sensores capaz de fazer medições de pressão, velocidade do vento, temperatura e umidade. Os dados captados por essa radiossonda são enviados a um equipamento de rastreamento no solo a cada um ou dois segundos.
"Para fortalecer ainda mais a rede de balões meteorológicos", afirma a agência, "a OMM se uniu à Rede Global de Observação Básica, apoiada pelo Mecanismo de Financiamento de Observações Sistemáticas".
O esclarecimento acontece em meio a uma contenda envolvendo objetos voadores não identificados. A controvérsia começou no início de fevereiro, quando os EUA abateram um balão chinês que sobrevoava o país e que, acusam, era usado para espionagem. Antes de ser derrubado, o objeto sobrevoou Billings, no estado de Montana, onde fica uma base militar com silos de mísseis balísticos intercontinentais.
A China, por sua vez, sustenta que a ferramenta era apenas para pesquisas civis meteorológicas e que balões dos EUA sobrevoaram o território chinês mais de dez vezes desde o início de 2022. A disputa de versões provocou um novo atrito nas já tensas relações entre os países e levou ao adiamento da visita do secretário de Estado americano, Antony Blinken, ao país asiático para tentar reaproximar as potências e à recusa, por parte de Pequim, de um telefonema do secretário da Defesa dos EUA, Lloyd Austin.
Após o balão chinês ser abatido, o Norad, sigla em inglês para Comando de Defesa Aeroespacial da América do Norte, informou ter ajustado seu programa de radares para torná-lo mais sensível a objetos menores, mais lentos e distintos de aviões e mísseis que preocupam o Pentágono.
O ajuste fez o número de objetos detectados saltar. Na semana passada, o governo dos EUA disse que examinava 510 informes sobre avistamentos de óvnis --o triplo do número registrado no ano passado.
Assim, os artefatos abatidos também aumentaram. Em apenas três dias, três objetos foram localizados e derrubados pelos EUA --segundo o presidente americano, Joe Biden, os itens eram provavelmente ligados a companhias privadas, recreação ou instituições de pesquisa, não a programas de espionagem chineses.
No último sábado (18), Blinken se reuniu com o principal diplomata da China, Wang Yi, na Alemanha. De acordo com Washington, o secretário de Estado americano disse ao chinês que a presença do balão em território americano é uma violação de soberania que "nunca mais deve acontecer".
Mais cedo, Wang havia ironizado a reação americana. "Existem tantos balões em todo o mundo, e vários países os têm. Os EUA vão derrubar todos eles?", questionou ele durante a Conferência de Munique.
Segundo a agência de notícias estatal Xinhua, Wang acusou Washington de usar o incidente do balão para atender a necessidades políticas domésticas. "Os EUA ignoram fatos básicos, abusam da força. Essa abordagem mostra que o preconceito e a ignorância em relação à China atingiram um nível absurdo."
أحدث أقدم

Leia o texto em voz alta: