Conselho de Ética da Câmara do Rio aprova cassação de Gabriel Monteiro

O Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara do Rio de Janeiro aprovou, por unanimidade, o parecer do vereador Chico Alencar (PSOL) que recomenda a cassação de mandato de Gabriel Monteiro (PL) por quebra de decoro parlamentar.
Monteiro, 28, foi denunciado em junho sob acusação de assédio e importunação sexual contra uma ex-assessora de seu gabinete. Eleito em 2020, o ex-policial militar e youtuber é investigado sob suspeita de praticar sexo com uma menor de idade e gravar em vídeo, de forjar filmagens para seu canal no YouTube e de assediar ex-funcionários. A reportagem não conseguiu localizar a defesa do vereador.
Com a decisão do Conselho de Ética por 7 votos a 0, o processo de cassação de Gabriel Monteiro deve ser votado na próxima terça-feira (16), em sessão no plenário, se não houver recurso por parte dos advogados de defesa.
A perda de mandato acontece caso 34 dos 50 vereadores votem a favor, o que representa dois terços da Câmara. Carlos Bolsonaro (Republicanos) é o único vereador que não poderá votar, já que pediu licença do mandato até o dia 30 de setembro.
Ao comentar a aprovação do parecer, o vereador Chico Alencar lembrou a leitura da Carta às Brasileiras e aos Brasileiros, feita nesta quinta-feira em diversas cidades do país.
“O parecer não é mais meu, o voto pela perda do mandato do vereador Gabriel Monteiro é do Conselho, e se dá em um dia simbólico no Brasil, quando se celebra o Estado Democrático de Direito. Essa decisão que tomamos é pelo Estado democrático de Direito”, afirmou.
O presidente do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar, Alexandre Isquierdo (União Brasil), disse não se preocupar com uma possível manobra de Monteiro para convencer outros vereadores a não comparecerem à sessão de terça.
“O relatório tem muita consistência, robustez e está à disponível de cada um dos vereadores. Cada voto terá uma sentença e consciência, disse Isquierdo.
A vereadora Teresa Bergher (Cidadania) afirmou que a decisão de avançar com o processo de cassação é “uma resposta às mulheres e às crianças”. “Eu não estou feliz de estar aqui hoje votando. Gostaria que nós nunca tivéssemos nenhum colega respondendo no Conselho de Ética. Mas me vem um pouco de satisfação pela decisão dos membros”.
A defesa do vereador Gabriel Monteiro, representada pelos advogados Pedro Henrique dos Santos e Sandro Figueredo, enviou na quarta-feira (10) as alegações finais sobre o processo.
A defesa pede o indeferimento e o arquivamento do relatório que recomenda a cassação, afirmando que há um “complô de ex-funcionários que passaram a trabalhar para pessoas diretamente ligadas à chamada máfia do reboque”, sem explicar do que se trata. A defesa diz também que a atuação parlamentar de Monteiro agiu “sempre em defesa dos mais pobres, o que causa a revolta de poderosos”.
Na tarde desta quinta, Monteiro publicou nas suas redes sociais um vídeo em que afirma que um ex-assessor foi à delegacia para desmentir um depoimento que incriminava o parlamentar.

A reportagem procurou a Polícia Civil sobre o episódio, mas não obteve resposta.

Yuri Eiras/Folhapress
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