Bolsonaro ainda não tem palanque em MG a duas semanas do início da campanha

Por Leonardo Augusto | Folhapress

Foto: Reprodução

Rejeitado, ainda que momentaneamente, pelo governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), e enfrentando impasse local dentro de seu partido, o presidente Jair Bolsonaro (PL) não conseguiu, restando menos de 15 dias para o início da campanha, garantir um palanque no estado, o segundo maior colégio eleitoral do país.
Zema seria a primeira opção do presidente, segundo correligionários em Minas. O governador lidera com folga as intenções de voto no estado, como apontou pesquisa Datafolha.
Zema aparece no levantamento com 48%, ante 21% do ex-prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), candidato no estado do rival de Bolsonaro, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), na disputa pelo Palácio do Planalto. A aliança Lula/Kalil foi fechada em maio.
A segunda opção de Bolsonaro, conforme apontam integrantes do próprio partido do presidente, é o senador Carlos Viana, que era do MDB e em abril migrou para o PL, com direito a anúncio nas redes sociais ao lado de Bolsonaro.
O impasse do PL em Minas é que os deputados do partido no estado não querem a candidatura de Viana. Além de apoiarem a reeleição de Zema, não concordaram com a forma como o senador chegou ao partido.
"Foi arrombando porta. Não conversou com ninguém", afirma o deputado estadual Leo Portela (PL), integrante da executiva do partido em Minas. Segundo o parlamentar, a maioria entre os 9 deputados da legenda na Assembleia não quer a candidatura de Viana.
O senador não quis comentar o cenário atual da disputa eleitoral em Minas Gerais, e afirmou via assessoria, que tomará decisão sobre sua candidatura nesta semana.
Na convenção estadual do PL, no último dia 20, o partido decidiu delegar para o comando nacional da legenda a decisão de ter ou não candidato ao governo do estado. Isso significa que a definição ficará por conta de Bolsonaro e do presidente nacional da legenda, Valdemar da Costa Neto.
Em relação a Zema, o governador rejeitou todas as investidas feitas pelo presidente até o momento. Interlocutores do governador afirmam que o atual ocupante do Palácio Tiradentes já afirmou a Bolsonaro que não pode apoiá-lo, ao menos no primeiro turno.
A justificativa é que o Novo já tem candidato à presidência, Felipe D'Ávila, oficializado em São Paulo sábado (30), com a presença do governador.
Em 2018, o então candidato Zema, ao final de um debate na TV, anunciou voto em Bolsonaro no primeiro turno, mesmo com o Novo tendo João Amoêdo como concorrente ao governo federal.
Os mesmos interlocutores do governador de Minas, porém, afirmam que Zema apoiará Bolsonaro na hipótese de segundo turno. Os dois se encontraram em Brasília no início de julho.
Antes, em maio, durante agenda em Belo Horizonte ao lado do governador, Bolsonaro disse que "em time que está ganhando não se mexe", no que foi visto como uma tentativa de atrair o apoio de Zema.

A campanha eleitoral começa em 16 de agosto. Minas tem 16,2 milhões de eleitores.

O PL não respondeu questionamentos feitos pela reportagem.

O governador intensificou em julho do ano passado a agenda pelo interior de Minas. Faz encontro com lideranças, inaugura obras e já distribuiu máscaras e repassou orientações contra Covid-19 nas ruas de cidades por onde passou.
Já a estratégia de Kalil é colar sua imagem à do ex-presidente Lula. Nos locais onde discursa é grande o número de fotos e cartazes do ex-presidente. Kalil deixou a Prefeitura de Belo Horizonte em 25 de março. Cerca de um mês depois passou a rodar pelo interior em pré-campanha.
Ao contrário de Kalil, que terá o deputado estadual André Quintão (PT) como vice, Zema ainda não indicou quem ocupará a vaga em sua chapa. O governador tem dito que o ideal seria que o posto fosse ocupado por alguém que não fosse do Novo.
Aparecem como cotados para a vaga o deputado federal Bilac Pinto (União Brasil), além do ex-secretário-geral do governo Mateus Simões (Novo) e o radialista Eduardo Costa (Cidadania).
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