Caixa recebeu primeira denúncia contra Guimarães após 6 meses dele no cargo

Por Thaísa Oliveira | Folhapress

Foto: Reprodução / Instagram

A Caixa Econômica Federal recebeu sete denúncias internas contra Pedro Guimarães (ver mais aqui) antes de ele pedir demissão do banco. A primeira foi registrada em julho de 2019, apenas seis meses após ele tomar posse do cargo.Guimarães deixou o comando da Caixa há um mês, em meio a uma série de acusações de assédio sexual. Na ocasião, a instituição informou que uma investigação havia sido instaurada em maio de 2022.
Antes disso, os canais internos do banco já haviam recebido outras seis denúncias contra ele. Não é possível determinar se elas são relacionadas a casos de assédio sexual ou moral ou se foram feitas por outras razões.
Duas foram apresentadas em 2019 (em julho e setembro), outra em 2020 (em novembro) e mais três em 2021 (uma em setembro e duas em dezembro).
Outras sete denúncias só foram formalizadas quando Guimarães deixou a instituição. A partir daí, o número de queixas passou para 14.
Duas delas foram registradas no dia em que o executivo anunciou em uma carta aberta que estava deixando a presidência. Depois disso, a Caixa recebeu denúncias em 5 de julho (quando foram feitos dois relatos), e nos dias 8 de julho, 11 de julho e 15 de julho.
As informações constam em um documento da investigação do MPT (Ministério Público do Trabalho) que apura as denúncias de assédio sexual e moral envolvendo Guimarães e Celso Leonardo Barbosa, ex-vice-presidente de Negócios de Atacado da instituição.
O número de denúncias e as datas foram enviados ao MPT pela Caixa. Apesar de o primeiro registro ter sido feito em julho de 2019, a empresa não detalha quais providências foram tomadas internamente.
Na segunda-feira (25), o procurador do trabalho Paulo Neto pediu ao banco a cópia integral dos 14 procedimentos administrativos abertos contra o ex-presidente.
O procurador transformou a notícia de fato em inquérito civil para aprofundar as investigações preliminares. Na quarta-feira (27), ele determinou que parte da documentação fosse colocada sob sigilo.
A defesa de Guimarães afirmou que "jamais tomou conhecimento dessas acusações, o que demonstra a independência e seriedade dos canais de denúncia e dos mecanismos de investigações internas da Caixa, pois casos desse tipo devem ser sempre tratados com sigilo".
"Pedro Guimarães nega taxativamente ter praticado ou estimulado qualquer ato de abuso, irregularidade ou ilegalidade. Por isso, está convicto de que apurações de qualquer natureza, sejam internas ou externas, vão concluir pela correção de seu comportamento", afirmou o advogado dele, José Luis Oliveira Lima, em nota.
"A gestão da equipe de Pedro Guimarães levou a Caixa a um patamar de excelência jamais visto na sua história, como comprovam todos os prêmios recebidos pela instituição nos últimos três anos e meio", complementou.
Procurada, a Caixa disse apenas "que os procedimentos investigatórios são sigilosos" e "ressalta que todas as denúncias recebidas estão sendo devidamente apuradas".
Associações e sindicatos que representam os bancários têm afirmado, desde que o escândalo veio à tona, que os funcionários tinham medo de denunciar a cúpula do banco e sofrer retaliações. No dia 19 de julho, a Caixa anunciou mudanças na corregedoria.
Como mostrou o jornal Folha de S.Paulo, executivos graduados eram colocados para realizar tarefas de quem está em início de carreira. O MPT apura o caso desde 2020.
Já as acusações de assédio sexual e assédio moral na Caixa também estão sendo investigadas pela Procuradoria da República no Distrito Federal e pelo TCU (Tribunal de Contas da União).
Tido como braço direito de Guimarães, Barbosa abriu mão do cargo de vice-presidente de Atacado em 1º de julho. O MPT pediu informações sobre ele diante da denúncia de que ele "causaria 'temor' às mulheres que trabalham no banco".
Guimarães deixou a presidência da Caixa depois de ter sido denunciado por um grupo de funcionárias. O caso foi revelado pelo site Metrópoles. Os relatos apontam, entre outras coisas, toques indesejados e convites inapropriados.
O banco também custeou uma obra na casa que Guimarães alugava em Brasília, e forneceu aparato de luxo para as viagens de fim de semana que o ex-presidente realizava pela instituição financeira, como mostrou a Folha de S.Paulo.
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