Contra trauma, atividade corporal ajuda mais que remédio, diz psiquiatra

por Gabriel Alves | Folhapress

Foto: Pedro Ventura/Agencia Brasilia

O trauma pode nascer de circunstâncias bastante distintas, como participação em conflitos armados, episódios de violência, abusos, abandono, entre outros. Talvez a grande lição seja que cada pessoa reage de uma forma a essas agressões e que muitas vezes pode levar um bom tempo até ela encontrar quais são as ferramentas que vão ajudá-la a pôr em ordem a bagunça mental.
Em seu livro "O Corpo Guarda as Marcas", o psiquiatra Bessel Van der Kolk, nascido na Holanda e radicado nos EUA, disseca essas e outras questões, e argumenta que é possível tratar o estresse pós-traumático a partir de atividades corporais e, mais do que isso, que medicamentos tendem a não funcionar para a maior parte dos indivíduos.
Em entrevista à Folha de S.Paulo, ele diz que um atalho para esse encontro consigo mesmo pode ser a combinação de duas atividades diferentes, como capoeira e psicanálise, cada uma em seu front. A primeira vai ajudar a dominar as reações físicas. "Nós somos corpos, e temos um cérebro para tomar conta desses corpos", diz o psiquiatra. A última, por sua vez, ajuda a entender quais são as situações e gatilhos que desencadeiam essas reações.
Para o médico, ainda há uma enorme distância entre a clínica e a pesquisa na área da psiquiatria, com terapeutas que não entendem como a ciência é feita, de um lado, e, de outro, pesquisadores que perderam o contato com seres humanos. Ele, por meio do livro, além de sua própria atuação, tenta preencher essa lacuna.
Um dos temas do interesse de Van der Kolk no momento é a terapia psicodélica com MDMA (ecstasy), que, ele explica, ajuda a pessoa a criar um estado de autorreflexão e próprio para, com o auxílio do terapeuta, enfrentar obstáculos e reorganizar a mente.
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