Feminicídio é a forma extrema de violência de gênero — quando uma mulher é morta por ser mulher. No Brasil, a cada ocorrência há histórias de controle, humilhação e alertas ignorados. Falar sobre feminicídio não é simbólico: é urgência que exige visibilidade, responsabilização e mudanças práticas nas nossas atitudes e instituições.
Primeiro, é preciso nomear o problema. Chamar a violência pelo seu nome permite compreender que não se trata de crimes isolados, mas de um padrão apoiado por normas sociais que naturalizam a dominação masculina. Isso muda a forma como investigamos, julgamos e prevenimos: reconhecer o elemento de gênero orienta protocolos policiais, coletivos de apoio e políticas públicas.
A educação aparece como ferramenta central. Desde a infância, escolas e famílias precisam ensinar sobre respeito, consentimento e igualdade. Desconstruir estereótipos — “posse” sobre a parceira, ciúme como prova de amor, piadas que diminuem mulheres — impede que comportamentos agressivos ganhem terreno. Programas de educação afetiva e sexual, direcionados tanto a meninos quanto a meninas, são ações preventivas que se traduzem em menos violência no futuro.
A prevenção também exige serviços eficazes. Linhas de denúncia acessíveis, abrigos com estrutura, medidas protetivas ágeis e equipes multidisciplinares reduzem riscos imediatos. Em muitas situações de feminicídio, sinais prévios existiam: ocorrências de violência doméstica, ameaças, perseguições. Que esses sinais sejam levados a sério implica treinamento e responsabilização de órgãos públicos — da polícia ao judiciário — para agir com rapidez.
Tecnologia e comunicação desempenham papel duplo. Por um lado, aplicativos e campanhas online ampliam acesso a informações e redes de apoio. Por outro, recursos tecnológicos podem ser usados por agressores para vigiar e controlar. É necessário equilibrar inovação com medidas de segurança e privacidade, além de orientar sobre seu uso seguro.
A responsabilização é essencial: impunidade encoraja a repetição. Cobrar investigação rigorosa, sentenças proporcionais e políticas públicas estruturadas é tarefa de toda a sociedade. Movimentos feministas, coletivos e familiares das vítimas têm sido a voz que exige justiça e reformas — a memória das vítimas transforma luto em luta.
Por fim, falar sobre feminicídio é um chamado à ação cotidiana. Não basta compaixão distante; é preciso acreditar em relatos, apoiar quem denuncia, oferecer acolhimento e exigir respostas institucionais. Amigos, vizinhos e colegas podem ser a diferença entre risco e proteção.
Enquanto a violência de gênero for naturalizada, mulheres estarão em risco no casamento. Nomear, educar e punir são passos para reduzir mortes evitáveis. Falar não é repetir dor — é criar caminhos para que histórias não terminem em tragédia.
