Ninguém mais quer construir, só consumir emoções rápidas

Vivemos em uma era marcada pela velocidade. A tecnologia encurtou distâncias, acelerou processos e transformou profundamente a forma como nos relacionamos — não apenas com o mundo, mas com as pessoas ao nosso redor. Em um clique, temos acesso a um mar de possibilidades: aplicativos de namoro, redes sociais, mensagens instantâneas. Tudo é imediato, descartável e substituível. E, nesse cenário, algo essencial está se perdendo: o desejo de construir relações verdadeiras.

Hoje, parece que ninguém mais quer edificar um amor com base sólida. O foco está em consumir. Emoções rápidas, intensas e efêmeras. Beijos que não duram mais que uma noite, conversas que começam com entusiasmo e terminam sem explicação. Relacionamentos são tratados como episódios de uma série: se o primeiro não agradou, parte-se para o próximo sem remorso, na expectativa de que o próximo “episódio” seja mais emocionante.

Essa cultura do imediatismo transformou o amor em entretenimento. As pessoas buscam borboletas no estômago como se fossem faíscas de um show pirotécnico, ignorando que o amor verdadeiro, o que sustenta, exige tempo, paciência e dedicação. E quando o entusiasmo passa — como inevitavelmente passa em qualquer relação duradoura — muitos desistem. Não por falta de sentimento, mas por falta de disposição para lidar com as fases menos glamourosas do vínculo.

Relacionar-se de verdade é um processo de construção. Envolve desconstruir ideias idealizadas, enfrentar desafios, dialogar sobre diferenças, criar pontes quando surgem muros. Mas isso requer entrega, coragem e vulnerabilidade. E esses são valores cada vez mais raros em tempos de amores líquidos, como dizia o sociólogo Zygmunt Bauman.

Estamos nos acostumando a pular etapas. A evitar desconfortos. A sair pela porta dos fundos assim que a primeira dificuldade aparece. Isso vale não só para relações amorosas, mas também para amizades, projetos profissionais e até sonhos pessoais. O “dar trabalho” se tornou um grande obstáculo. E o pior: temos orgulho disso, como se fugir do esforço fosse uma virtude moderna.

Nas redes sociais, tudo parece fácil: o casal perfeito, a vida perfeita, a felicidade garantida. E isso alimenta a ilusão de que o amor também deveria ser simples, constante, sem falhas. Mas a realidade é outra. Amor dá trabalho. Dá medo. Dá raiva, às vezes. Mas também traz paz, crescimento e sentido — se for cultivado com paciência.

O problema não está em viver emoções intensas. O ser humano é feito de paixão, de desejo, de momentos arrebatadores. Mas quando só buscamos o calor do instante e fugimos do compromisso de construir algo maior, acabamos vazios. É como comer só fast food emocional: mata a fome momentânea, mas não nutre.

Por isso, é urgente resgatar o valor da construção. Voltar a ver beleza no processo, e não apenas no resultado. Entender que construir leva tempo, mas é justamente esse tempo que dá profundidade ao que vivemos. Que a conexão verdadeira não está na quantidade de corações numa postagem, mas no silêncio confortável de quem permanece ao nosso lado mesmo quando não estamos bem.

Amar não é consumir. É investir. É quando seria mais fácil partir. É regar a planta mesmo quando ela não floresce imediatamente. É ter a maturidade de entender que grandes sentimentos se constroem dia após dia, tijolo por tijolo.  Sugar daddy

Se quisermos relações mais verdadeiras, mais fortes e mais significativas, precisamos parar de buscar apenas a emoção rápida. Precisamos reaprender a construir. Mesmo que leve tempo. Mesmo que exija esforço. Porque no fim, tudo o que realmente vale a pena demanda entrega.

Fonte: Izabelly Mendes.
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