É comum vermos histórias de amor em que uma das partes se doa por completo, entrega tudo de si e se esquece de si mesma no processo. Movidos pelo desejo de fazer o outro feliz, muitas pessoas abrem mão dos próprios sonhos, ignoram os próprios limites e acabam se anulando em nome do amor. Mas a verdade é dura: amar alguém nunca pode ser desculpa para se abandonar.
O amor genuíno, aquele que constrói em vez de destruir, que fortalece em vez de enfraquecer, é baseado no equilíbrio. Ele não exige sacrifícios extremos nem a negação de quem você é. Pelo contrário, um relacionamento saudável precisa de duas pessoas inteiras, conscientes de si, que se amam individualmente antes de amar o outro.
Quando você começa a se abandonar por amor, o que está, na verdade, fazendo é trocar sua própria identidade pela ilusão de manter o outro por perto. É aí que surgem os primeiros sinais de desequilíbrio: você para de fazer coisas que gosta, deixa de ver amigos, muda sua rotina completamente para se encaixar na do outro. Aos poucos, vai se distanciando de quem era antes do relacionamento.
Isso não é amor. Isso é medo. Medo de perder, medo de não ser suficiente, medo de que, se você mostrar sua verdadeira essência, o outro vá embora. E é justamente esse medo que te aprisiona e te transforma em alguém que vive em função do outro — sem voz, sem vontade, sem identidade.
É preciso entender que um amor que exige sua renúncia completa não é amor, é dependência emocional. É como se, para manter o relacionamento vivo, você tivesse que morrer um pouco todos os dias. Morrer para suas vontades, seus projetos, seus desejos. Você se esquece que merece amor sem ter que pagar com sua liberdade ou sua essência.
Amar alguém deve ser uma escolha consciente, não um contrato de autodestruição. É possível amar e ainda assim colocar limites. É possível cuidar do outro e, ao mesmo tempo, cuidar de si. O verdadeiro amor não quer que você se apague; ele quer ver você brilhar.
Muitas vezes, a raiz desse comportamento está em inseguranças profundas. Pessoas que acreditam que só serão amadas se forem perfeitas, se nunca disseram “não”, se estiverem sempre disponíveis. Elas se moldam ao outro na esperança de serem aceitas, quando, na verdade, isso só as afasta de si mesmas. O resultado é um vazio que nem o relacionamento consegue preencher, porque ele está sendo construído sobre a renúncia pessoal.
O mais importante é reconhecer quando isso está acontecendo. Preste atenção em como você se sente. Você ainda se reconhece? Ainda se sente livre? Está feliz ou apenas tentando manter as aparências? Quando o amor começa a doer mais do que confortar, talvez seja hora de se questionar se esse amor está sendo saudável ou se está te custando mais do que deveria.
A boa notícia é que nunca é tarde para voltar para si. Você pode se reconstruir, redescobrir seus gostos, seus sonhos e sua essência. Amar não precisa significar perda de identidade. Pelo contrário, quando duas pessoas se amam de verdade, elas se incentivam mutuamente a crescer, a florescer, a serem versões melhores de si mesmas.
Não aceite menos do que isso. Se for para amar, que seja com verdade, com presença, mas também com respeito por si mesmo. Você não precisa se abandonar para provar que ama alguém. O amor que vale a pena é aquele que te fortalece, não aquele que te consome. Sugar daddy
No fim das contas, o maior ato de amor que você pode oferecer ao outro é também se amar. Porque quem se ama não exige, não se anula, não fere. Quem se ama sabe quando está doando demais, sabe quando está se perdendo e tem coragem de voltar. Amar alguém é lindo. Mas amar é essencial.
