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O escritor Jeferson Tenório, autor do livro "O Avesso da Pele", vencedor do Prêmio Jabuti, compartilhou durante um bate-papo na Bienal do Livro Bahia, em Salvador, no sábado (27), sua experiência de receber ameaças nas redes sociais antes de sua primeira visita à cidade, em 2021.
De acordo com o G1, Tenório relembrou o incidente, que resultou em um registro de ocorrência policial, ocorrido antes de uma palestra sobre sua obra em uma escola da capital baiana. "O Avesso da Pele", lançado em 2020, aborda questões profundas sobre racismo estrutural, violência policial e a objetificação de corpos negros na sociedade brasileira.
A narrativa do livro segue a jornada de Pedro, um jovem cujo pai foi morto em uma abordagem policial. A profundidade e sensibilidade com que Tenório aborda esses temas lhe rendeu reconhecimento não apenas do público, mas também do Ministério da Educação, que incluiu a obra no Programa Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD).
No entanto, mesmo com a aclamação, o autor enfrentou controvérsias. Em 2024, o livro foi alvo de censura em três estados brasileiros: Paraná, Goiás e Mato Grosso do Sul. As secretarias de educação desses estados alegaram que a obra continha "expressões impróprias" para menores de 18 anos, resultando na retirada do livro das bibliotecas escolares.
Após a notícia da censura, Tenório recebeu apoio de diversas instituições, incluindo a Academia Brasileira de Letras, entidades e movimentos negros, bem como artistas renomados como Chico Buarque e Fernanda Torres. No entanto, o autor não revelou se houve alguma punição para os responsáveis pelas ameaças que recebeu anteriormente em Salvador.
A trajetória de "O Avesso da Pele" reflete não apenas a importância de obras literárias que abordam questões sociais e raciais, mas também os desafios enfrentados por seus autores em um contexto de polarização e censura.