Banco dos Brics nega aval à Argentina, e Brasil tenta ampliar a instituição

Por Ricardo Della Coletta | Folhapress

Diante da negativa do banco dos Brics em avalizar ajuda financeira à Argentina, o governo Lula (PT) passou a focar na inclusão do país vizinho no NDB (Novo Banco de Desenvolvimento, em suas siglas em inglês).
Auxiliares de Lula passaram o último mês discutindo formas de viabilizar algum tipo de apoio à Argentina, imersa numa crise de liquidez e com suas reservas internacionais nos níveis mais baixos dos últimos anos. Além do mais, o país ainda sofre as consequências de uma seca histórica que aprofundou a crise econômica.
As conversas chegaram a ocorrer diretamente entre Lula e o presidente Alberto Fernández, que realizou uma visita improvisada a Brasília em 2 de maio. Pessoas com conhecimento daquela reunião a classificaram como constrangedora: de um lado, os argentinos ávidos por algum anúncio por parte de Lula de socorro ao vizinho em apuros. Do outro, autoridades brasileiras sem nada concreto para oferecer.
Na ocasião, Lula disse em declaração à imprensa que Fernández voltava a Buenos Aires "sem dinheiro", mas lançou a ideia de que alguma operação via NDB —conhecido como banco dos Brics— poderia ocorrer. Ele chegou a orientar seu ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), a ir a Xangai (sede do NDB) para falar em favor dos argentinos.
Lula também citou o fato de a ex-presidente Dilma Rousseff, sua aliada, ter assumido recentemente a presidência do NDB.
"Você [Haddad] pode ir lá e explicar a situação da Argentina, sensibilizar o coração de homens e mulheres. Nem queremos que emprestem dinheiro para a Argentina, o que nós queremos é que eles nos deem garantias, porque aí facilita muito a relação do Brasil com a Argentina", disse o presidente.
"É preciso mudar um artigo [das regras do banco]; que os governadores dos Brics, que são os ministros de Fazenda dos países que fazem parte dos Brics, têm que mudar um artigo para que se permita criar um fundo para ajudar os países", afirmou.
Segundo pessoas da administração Lula que acompanharam as tratativas, o governo tentou articular ao menos dois tipos de encaminhamentos para tratar da crise Argentina via NDB. Primeiro, consultou o banco se algum empréstimo direto para a Argentina seria possível. Depois, se o banco poderia ao menos oferecer garantias e linhas de crédito para exportadores brasileiros que vendem para a Argentina.
Interlocutores de Fernández, por outro lado, disseram à Folha que empréstimos diretos ao país nunca estiveram na mesa de discussões. Tentou-se —dizem— viabilizar as garantias aos exportadores.
As respostas para as consultas foram negativas por diferentes razões.
O primeiro obstáculo é que o NDB realiza operações apenas nos países membros do banco. (Leia mais...)
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