Amanda é condenada pelos assassinatos de quatro motoristas de app em 2019

Por Camila São José / Lula Bonfim

Foto: Alberto Maraux

A cabeleireira Amanda foi condenada a 63 anos e oito meses de reclusão, na noite de quarta-feira (19), pelos assassinatos de quatro motoristas de aplicativo no ano de 2019, em Salvador. A condenação foi uma escolha majoritária do júri, formado por sete pessoas, sendo cinco mulheres e dois homens.
Amanda era acusada de 12 crimes: quatro homicídios, uma tentativa de homicídio, seis roubos e uma corrupção de menor, referente ao adolescente Estênio, que teria participado na ação criminosa contra os motoristas de aplicativo.
Durante o julgamento, Amanda se declarou inocente de 11 acusações, assumindo para si apenas um dos roubos de carro. Segundo ela, o traficante de drogas Jeferson seria o responsável pelas mortes e a teria coagido a ajudar nos roubos dos veículos.
“Eu não estou aqui para matar ninguém. Eu não sou assassino”, disse Amanda, usando o gênero masculino. “Eu não sou monstro. Eu não estava lá para tirar a vida de ninguém. Era simplesmente um roubo para quitar dívida”, lamentou. “Eu tenho convicção que não matei ninguém. Não fiz por espontânea vontade”, continuou a cabeleireira.
A defesa de Amanda alegou que a ré sofreu de transfobia no processo e era também vítima das ações do traficante de drogas Jeferson, que a coagiu a participar de crimes para pagar a dívida de R$ 5,5 mil que Murilo, marido da cabeleireira, possuía com ele.
“Como se coloca a foto de sete homens e de uma travesti e questiona quem é a travesti? Isso é reconhecimento? Isso é apontar o dedo para quem é culpado. Somente a foto de Amanda foi apresentada às testemunhas", criticou o defensor público Daniel Soeiro Freitas.
“Amanda foi coagida, induzida e não tinha escolha ao que Jeferson determinava. Todos que ali estavam sabiam que se opusessem morreriam. Morreria Murilo, morreria você (Amanda) do jeito cruel que Jeferson sabia fazer”, argumentou a defensora Flávia Apolônio.
Na madrugada do dia 13 de dezembro de 2019, cinco motoristas por aplicativo foram vítimas do crime: os falecidos Alisson Silva Damasceno dos Santos, Daniel Santos da Silva, Genivaldo da Silva Félix e Sávio da Silva Dias, além do sobrevivente Nivaldo dos Santos Vieira, que conseguiu fugir.
Como testemunha no julgamento de hoje, Nivaldo reconheceu Amanda como um dos agressores que o atacaram naquela madrugada. Segundo ele, a cabeleireira chegou a pular sobre ele enquanto o agredia.
“Você vai morrer hoje e eu vou morrer depois. A gente se encontra lá no inferno”, teria dito Amanda a Nivaldo, segundo o relato do próprio sobrevivente.
De acordo com a acusação do Ministério Público da Bahia (MP-BA), Amanda seria vinculada à organização criminosa chamada “Bonde do Maluco” e se juntou com o adolescente Estênio para a prática de um assalto na região da Estação Pirajá no dia 12 de dezembro de 2019. Na localidade de transbordo, os dois teriam roubado um aparelho celular, no qual foi realizada uma chamada no aplicativo “Uber”.
O motorista por aplicativo conhecido como Sávio foi rendido, levado a um barraco, espancado com um “barrote”, teve o pescoço amarrado com um fio de telefone e depois teria sido morto a tiros.
Em seguida, ainda segundo o MP-BA, o celular de Sávio teria sido usado por Amanda e Estênio para chamar um segundo motorista, desta vez pelo aplicativo “99 Pop”. O modus operandi teria se repetido, até a quinta vítima, que sobreviveu ao ataque.
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