Baianos no top: João Gilberto, Gal Costa e Caetano entram na lista dos 200 melhores cantores da Rolling Stone


Foto: Divulgação

A revista norte-americana Rolling Stone divulgou no domingo (1) a lista dos 200 melhores cantores da Histórias. Entre os centenas de artistas, estão três baianos, que são os únicos brasileiros citados: João Gilberto (1931-2019) aparece na 81ª posição, Gal Costa, que morreu aos 77 anos em janeiro do ano passado, vem como a 90ª melhor cantora, e Caetano Veloso é listado em 108º lugar.
O jornalista argentino Ernesto Lechner, especialista em música latina, exaltou o violonista João Gilberto. "Um dos movimentos culturais mais poderosos a sair da América Latina, a bossa nova foi construída por seus três arquitetos fundadores: Antônio Carlos Jobim [1927-1994] era o compositor, Vinicius de Moraes [1913-1980] o letrista, e João Gilberto o cantor e guitarrista subestimado", escreveu.
"Um mestre da sutileza cosmopolitana, o nativo do Rio de Janeiro [na verdade, ele nasceu em Juazeiro, na Bahia] murmurava e sussurrava com uma facilidade que fazia cada canção parecer uma reunião casual de amigos. Esse estilo –com sua poesia e calor– era uma combinação perfeita com a narrativa da bossa de contemplar a vida na praia de Copacabana. O álbum de estreia de João Gilberto, de 1959, impôs o tom para a revolução que viria, e o clássico de jazz que ele fez com Stan Getz [1927-1991] em 1964 resumiu sua energia com Garota de Ipanema, que ele interpretou ao lado do inglês enrolado de sua mulher cadenciada, Astrud Gilberto".
O profissional também foi responsável pelo perfil de Gal, e descreveu a artista como uma "diva". "Em 1971, Gal Costa gravou Sua Estupidez, uma balada melosa do crooner pop Roberto Carlos, e a transformou em uma declaração devastadora de beleza e arrependimento. Assim era o poder transformador de sua voz", começou o argentino na Rolling Stone.
"Como uma rainha Midas luminosa, a diva da Bahia transformava tudo o que tocava em ouro: tropicália chocante (Baby, um clássico brasileiro do fim dos anos 1960), samba-rock sexy (Flor de Maracujá), frevo exuberante de Carnaval (Festa do Interior), e bossa com funk (a versão dela de 1979 para o clássico Estrada do Sol é tão exuberante e mística que beira o surreal). A cantora mais transcendente da era pós-bossa, ela continuou fazendo música até a sua morte, aos 77 anos".
"Como uma rainha Midas luminosa, a diva da Bahia transformava tudo o que tocava em ouro: tropicália chocante (Baby, um clássico brasileiro do fim dos anos 1960), samba-rock sexy (Flor de Maracujá), frevo exuberante de Carnaval (Festa do Interior), e bossa com funk (a versão dela de 1979 para o clássico Estrada do Sol é tão exuberante e mística que beira o surreal). A cantora mais transcendente da era pós-bossa, ela continuou fazendo música até a sua morte, aos 77 anos", complete o jornalista.
Já o perfil de Caetano Veloso foi escrito pelo autor norte-americano Michelangelo Matos. "O maior cantor e compositor do Brasil, um equivalente de Bob Dylan criado em casa, um roqueiro revolucionário com uma inclinação literária pesada. Caetano Veloso é um mestre, sua voz aveludada e sua inteligência palpável se destacando até mesmo –e especialmente– quando ele está relaxado e murmurando", escreveu.
"Mas ele também é delicioso quando aumenta o ritmo e adiciona trinados e gritos empolgantes –e ele consegue transmitir isso tanto em inglês quanto em português”, continuou Matos, que citou uma fala de David Byrne sobre o amigo em 1999. “‘Acho que é difícil para nós do [hemisfério] Norte aceitar que alguém pode ser radical politicamente, culturalmente e musicalmente, e ainda assim ser romântico e amar uma melodia bela e sensual. Caetano consegue fazer isso'", disse o líder do Talking Heads.
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