Ídolo do Vitória conta experiência vivida na sede da Copa de 2022

Marcone morou por 11 anos no país árabe e defendeu a seleção do Catar

O zagueiro defendeu a seleção do Catar por sete anos - Foto: Arquivo Pessoal

Criado nas divisões de base do Vitória, clube que o tornou profissional, o zagueiro e ex-prefeito de Itajuípe, Marcone, teve seu talento reconhecido no futebol do Catar, sede da Copa do Mundo de 2022, após jogar no país por 11 anos e chegar a vestir a camisa da seleção em 13 oportunidades.
O cidadão Catari nascido em Poções conversou com a equipe do portal A TARDE e traz dicas e a visão de quem passou boa parte da carreira convivendo com cultura islâmica, predominante no país.
“Cheguei lá no Catar em 2004 para atuar no Al-Shamal e encerrei a minha carreira em 2015, no mesmo clube, por uma decisão minha de encerrar minha carreira no clube que eu cheguei., contou o ex-zagueiro.
Marcone, que passou por diversos outros clubes do Catar, se tornou cidadão Catari três anos após sua chegada no país.
“Em 2007 eu fui convidado, depois de 3 temporadas para ser naturalizado Catari e poder defender a seleção. Disputei eliminatórias para a Copa do Mundo de 2010 e saímos na segunda fase. Disputei também as eliminatórias de 2014, para a Copa que aconteceu aqui no Brasil, mas não chegamos muito longe. Ainda participei de várias competições internacionais, como Copa do Golfo e uma Olimpíadas Asiática em 2010, em Guangzhou, na China. Saímos nas quartas de finais para o Uzbequistão, mas foi também uma experiência maravilhosa e no total, eu estive por 7 anos na seleção do Catar”, relembrou.
Falando em desempenho em campo, os donos da casa vão disputar a sua primeira Copa do Mundo, porém a grande comparação é se o avanço para primeiro mundo fora das quatro linhas pode chegar aos gramados.
“Quando eu cheguei em 2004, não existia uma infraestrutura tão boa como existe hoje do futebol. O Catar hoje tem o maior centro esportivo do mundo que é um projeto maravilhoso, com praticamente todas as modalidades do mundo, e uma estrutura extremamente futurista relacionada ao futebol. Tecnicamente também evoluiu muito. Hoje, o Catar é o atual campeão asiático, ganhando de seleções de alto nível como Japão, China e outras seleções importantes na Ásia. Então, evoluiu bastante a nível técnico e a nível de infraestrutura e acredito que será uma copa fantástica”.

Choque cultural

O ex-jogador também falou da parte cultural e do calor que será enfrentado no país durante a disputa da competição.
“Esse período o clima é mais ameno. O período da Copa do Mundo agora de novembro até dezembro ainda tem calor, mas não é como no período do verão, entre abril e agosto. Não seria possível realizar uma Copa nesse período. É muito calor, temperatura chegando a 50 graus, uma umidade relativa do ar muito alta. Todos os lugares são climatizados e todos os ambientes das casas são climatizados porque não há condição realmente de viver nesse calor”, pontuou.
Além do calor que os brasileiros vão enfrentar na chegada ao país asiático, a cultura deve ser um diferencial importante entre os povos.
“O brasileiro que for acompanhar a Copa do Catar vai encontrar uma cultura muito diferente do que nós vivemos aqui no ocidente. O Brasil tem a sua liberdade, principalmente as mulheres, o que não acontece no Catar. Lá ainda existe uma cultura islâmica, apesar já ser um pouco mais liberal do que outros países árabes, mas no Catar ainda é necessário ter um respeito com a comunidade local. No Catar você homem pode casar-se com 4 mulheres, mas pela lei islâmica ainda é proibido a venda de bebida alcoólica nas ruas, apenas em áreas internacionais, como em hotéis. Vai haver um choque relacionado à cultura, mas eu acho extremamente interessante a cultura árabe. Ela é maravilhosa para quem quer explorar e tenho certeza que os brasileiros vão gostar muito, até porque brasileiros são muito bem-vindos. A sociedade árabe gosta muito do brasileiro”, apontou.
O ex-jogador trouxe ainda a sua visão de como será a Copa de 2022. Para Marcone, o evento terá duas faces contrastantes. A que coloca o Catar como país de primeiro mundo, por conta da sua estrutura e desenvolvimento, e aquela que levanta questionamentos pela postura do país com pautas importantes para a defesa dos direitos humanos.
"Será uma Copa do Mundo de 2 faces, uma mostrando o grande desenvolvimento que o Catar atingiu a nível de país de infraestrutura, com estágios moderníssimos, com tecnologia de ponta para o futebol mundial, com gramados excelentes e a outra será a face dos problemas sociais, que eu acredito que já começaram a se desenvolver pela característica da sociedade árabe e seus costumes ainda muito diferentes do ocidente. Vai haver um choque por comportamentos que temos aqui na forma de se expressar, de expor o carinho publicamente de um casal, da liberdade que temos com nossas mulheres e que lá não são bem-vistos."

Fonte: A Tarde
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