Por Nicole Angel, de Brasília
Foto: Reprodução Youtube
Em sua primeira visita a Brasília desde que venceu o presidente Jair Bolsonaro (PL) na disputa eleitoral, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva finalizou sua extensa agenda de reuniões na capital federal. Após seu último encontro, que foi com o ministro Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), e demais ministro na sede da Corte, o petista afirmou que é possível "recuperar a harmonia entre os Poderes”.
“É plenamente possível recuperar a normalidade da convivência entre as instituições brasileiras. Instituições que foram atacadas e violentadas”, disse Lula durante coletiva de imprensa após encontro com Moraes e demais magistrados.
Durante sua fala, Lula agradeceu o trabalho feito pelo TSE, principalmente no enfrentamento a violência, ilegalidade e desrespeito democrático que, segundo o petista, estava sendo praticado no país. Ainda falando da Corte eleitoral, ele também exaltou as urnas.
Lula também deixou claro que não pretende interferir no funcionamento do Congresso Nacional, pois deputados e senadores também não devem interferir nas ações do Executivo. "Não cabe ao presidente da República interferir no funcionamento da Câmara e nem do Senado. Nós somos poderes autônomos. Nem eles interferem no nosso comportamento, nem nós no deles, e assim a sociedade vai viver tranquila e democraticamente”, destacou o petista.
Sobre sua relação com o chamado Centrão, que vem sendo bastante discutida, Lula disse apenas que esse é um conjunto de partidos políticos que será preciso dialogar. “E tentar convencer de nossas propostas”, disse.
"Eu não enxergo dentro da Câmara e do Senado essa coisa de centrão; eu enxergo deputados que foram eleitos e que, portanto, nós vamos ter que conversar com eles para garantir as coisas que serão necessárias para melhorar a vida do povo brasileiro”, completou.
Em indiretas ao presidente atual, Jair Bolsonaro, o petista disse ainda que não há tempo para vingança, raiva e ódio e que o tempo é de governar. "Eu pretendo trabalhar 24h por dia, não vou trabalhar apenas 3 ou 4h, eu vou trabalhar o dia inteiro, porque nós temos uma dívida a resgatar com o povo pobre desse país”, afirmou.
"Ou seja, esse país vai voltar a normalidade, eu tenho certeza que independente da pergunta que vocês jornalistas vão fazer, vocês estão há uma semana dormindo mais tranquilas, pois não vão ser ofendidas e violentadas verbalmente por um presidente da república, e eu espero que isso sirva de lição” ironizou Lula.
BLOQUEIOS DE RODOVIAS
O presidente eleito também comentou sobre os bloqueios ilegais nas rodovias que vem acontecendo em diversos estados do país e também no Distrito Federal. Os atos estão sendo promovidos por apoiadores do presidente atual Jair Bolsonaro (PL), que perdeu o segundo turno das eleições.
"Essas pessoas que estão protestando, sinceramente, não têm por que protestar. Deviam dar graças a Deus pela diferença ter sido menor que aquilo que nós merecíamos ter de votos. E eu acho que é preciso detectar quem é que está financiando esses protestos que não têm pé nem cabeça. Ofensas a autoridades, ameaças de fechamento, agressão verbal", lamentou Lula.
AGENDA EM BRASÍLIA
Antes do encontro com os magistrados do TSE, o presidente eleito teve uma importante reunião também com a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Rosa Weber, e demais ministros.
Mais cedo, Lula esteve com os presidentes da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado Federal, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), onde o tema principal das conversas foi a PEC da transição. Tanto no Senado, quanto na Câmara, há uma certa disposição em aprovar a medida.
Na quinta-feira (10), Lula terá uma reunião com parlamentares de bancadas aliadas e deverá também visitar sua primeira visita ao gabinete de transição de governo, que está situado no Centro Cultural Banco do Brasil, em Brasília. O encontro deve ocorrer ainda pela manhã.